Para Lula, democracia só vai bem se ele (ou a esquerda) estiver no comando
Durante uma fala ao lado do presidente chileno Gabriel Boric, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reacendeu o debate sobre o futuro da democracia brasileira — mas com um recado enviesado: segundo ele, se a “extrema-direita” voltar ao poder, o país corre risco institucional.
“Precisamos construir instituições que deem segurança à democracia, independentemente de quem seja o presidente”, declarou o petista, antes de sugerir que esse ‘independente’ talvez tenha exceções.
Na sequência, Lula lançou a pergunta retórica que virou munição nas redes sociais:
“Como será o Brasil quando eu não for mais presidente, se entrar a extrema-direita aqui?”.
A fala foi além do Brasil. O presidente também citou os Estados Unidos e classificou um eventual retorno de Donald Trump à presidência como uma “guinada perigosa” na geopolítica internacional.
Para muitos, a fala de Lula soa como um alerta democrático. Para outros, como um discurso de tutela política, onde apenas um campo ideológico estaria apto a garantir as instituições — o que, por si só, é um contrassenso democrático.
A declaração, que voltou a circular intensamente nas redes sociais, levantou críticas de parlamentares da oposição e também de analistas políticos. O argumento de que a democracia só estaria segura com a esquerda no poder revela, no mínimo, uma visão excludente do jogo político, onde o “outro lado” é sempre uma ameaça — e nunca uma alternativa legítima.
O que se esperava de um presidente da República era justamente o oposto: reafirmar que as instituições devem ser fortes o suficiente para resistir a qualquer governo, e que a vontade popular — de esquerda ou de direita — precisa ser respeitada e protegida.