Na manhã desta segunda-feira (07/07), o que começou como um protesto por justiça terminou em violência, medo e silêncio forçado. Uma caminhoneira identificada como Elaine, natural do Espírito Santo, foi rendida, agredida e ameaçada por manifestantes indígenas durante uma mobilização na BR-101, próximo ao município de Itabela, no extremo sul da Bahia.
O grupo, formado por indígenas da Aldeia Trevo do Parque, bloqueava a rodovia em protesto contra a prisão do cacique Suruí Pataxó, detido na semana anterior com um arsenal de armas. Mas a manifestação perdeu o rumo e ultrapassou os limites do legítimo direito à indignação.
Segundo relato da vítima, ela seguia viagem após uma entrega em Eunápolis quando ficou presa no congestionamento provocado pelo bloqueio. Ao tentar sair do local, foi interceptada. “Eles mandaram eu descer do caminhão e disseram: ‘acabou pra você’. Destruíram meu celular, me empurraram, puxaram meu cabelo e ameaçaram me espancar”, afirmou, visivelmente abalada, em vídeo gravado após o episódio.
Elaine contou ainda que foi obrigada a gravar um vídeo negando as agressões — sob ameaça de morte. “Disseram que, se eu contasse a verdade depois, me matariam.” O caminhão utilizado por ela para transporte de mercadorias foi tomado pelo grupo e, segundo a própria motorista, possivelmente incendiado. “Vi fumaça e ouvi que iam queimar o caminhão”, relatou.
O que agrava ainda mais a situação é a ausência de resposta efetiva das autoridades. A Polícia Rodoviária Federal, segundo a vítima, acompanhava tudo de longe, mas não interveio. Nenhum agente apareceu durante o momento mais crítico.
O protesto, que tinha como bandeira a defesa de um líder indígena, acabou se transformando em um episódio de barbárie, onde a vítima foi usada como refém simbólica de um Estado omisso e de uma crise social cada vez mais inflamada.
Manifestações são parte essencial da democracia — mas violência, coação e abuso não podem ser normalizados, muito menos ignorados. A pergunta que fica: onde estava o Estado quando uma mulher implorava por socorro em plena rodovia federal?