O deputado estadual Nelson Leal oficializou sua saída da base do governador Jerônimo Rodrigues após um longo período de insatisfação silenciosa. Segundo ele, a decisão não surgiu de um atrito pontual, mas de “uma inquietação acumulada há mais de um ano”, motivada por falhas estruturais na condução do governo e por escolhas fiscais consideradas arriscadas.
Ao detalhar seu rompimento, Leal afirmou que Jerônimo perdeu o comando da administração estadual. Para o parlamentar, áreas essenciais ao crescimento econômico e ao funcionamento básico do estado “foram abandonadas”, enquanto o governo dedicou atenção desproporcional às agendas externas, viagens e eventos públicos — postura que, segundo ele, manteve o governador em “modo campanha” mesmo após assumir o Palácio de Ondina.
Críticas ao modelo de gestão
Em tom firme, Leal explicou que o excesso de deslocamentos e compromissos externos reduziu a capacidade do chefe do Executivo de despachar com secretários, analisar projetos e enfrentar os desafios acumulados na máquina pública.
O resultado, segundo ele, é um governo que age desconectado da realidade administrativa.
“Vive-se numa bolha, sem foco no gerenciamento do estado”, apontou.
O peso dos empréstimos
Outro fator decisivo foi o volume de endividamento assumido pela gestão. De acordo com o deputado, o governo contratou 22 empréstimos em apenas 35 meses, somando quase R$ 26 bilhões — cifra equivalente a cerca de metade de um orçamento anual da Bahia.
Na avaliação de Leal, recorrer a uma sucessão de operações de crédito desse porte compromete o futuro fiscal do estado e revela uma estratégia financeira temerária.
“Não é sustentável. Estamos empurrando uma conta pesada para os próximos anos”, alertou.
De saída da política eleitoral e rumo à oposição
O rompimento também veio acompanhado de uma decisão pessoal relevante: Nelson Leal não disputará a reeleição em 2026. Ele afirmou que irá se dedicar integralmente à coordenação da campanha de ACM Neto ao governo da Bahia, reforçando sua migração definitiva para a oposição.
“Optei pelo projeto coletivo, e não pelo projeto pessoal”, disse.
A movimentação amplia o cenário de tensão interna na base governista e projeta novos desdobramentos no tabuleiro político da Bahia, especialmente diante das críticas crescentes à gestão de Jerônimo e da aproximação de lideranças tradicionais com o campo oposicionista.





