A Bahia foi novamente sacudida por uma operação da Polícia Federal que atinge o coração da máquina pública. Um dos alvos da 4ª fase da Operação Overclean, deflagrada nesta quinta-feira (27), é Marcel José Carneiro (PT), ex-prefeito do município de Paratinga, no oeste baiano — e nomeado recentemente para um cargo na Casa Civil do governo Jerônimo Rodrigues (PT).
Marcel foi alçado ao cargo de Assistente I da Casa Civil no dia 24 de maio de 2025, menos de um mês antes da operação. O órgão é comandado pelo secretário Afonso Florence, também do PT, uma das figuras mais próximas do governador. A nomeação ocorre em um momento em que Carneiro articula sua pré-candidatura a deputado estadual, mesmo figurando entre os alvos de uma investigação federal de grande escala.
Segundo informações apuradas, a operação Overclean mira um esquema de desvio de emendas parlamentares destinadas a três municípios baianos. O repasse, segundo a PF, teria sido manipulado por meio de fraudes e direcionamento político. Há indícios de que um assessor parlamentar atuava como operador financeiro do esquema, administrando o repasse irregular de recursos públicos.
Ao todo, a Polícia Federal cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em cinco municípios: Salvador, Camaçari, Boquira, Ibipitanga e Paratinga. Três servidores públicos foram afastados cautelarmente por ordem judicial. A ação é realizada em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal, reforçando o peso das suspeitas.
A nomeação de um investigado para um cargo estratégico dentro da estrutura do governo estadual, em meio a uma operação que envolve dinheiro público e articulações políticas, lança uma sombra sobre os critérios e responsabilidades da gestão Jerônimo. Em tempos de crise institucional e descrença popular, a presença de figuras investigadas no alto escalão expõe a fragilidade das barreiras éticas do poder público.