Responsáveis por fiscalizar bilhões de reais em recursos públicos, os Tribunais de Contas vêm sendo ocupados, cada vez mais, por rostos conhecidos, não pela competência técnica, mas pelos sobrenomes políticos.
Um levantamento da VEJA revelou que, ao menos 30% dos conselheiros desses tribunais são parentes de políticos, muitos deles indicados diretamente por ex-governadores que hoje ocupam cargos no alto escalão federal.
Entre os casos apontados, estão esposas de ministros de Lula, como Margareth Coelho, no TCE do Piauí (indicada pelo marido, Wellington Dias), e Adriana da Piedade Viana, no TCE do Acre (indicada por Gladson Cameli).
Também figura na lista a conselheira baiana Norma Angélica Cavalcanti, esposa do ex-deputado estadual João Bonfim.
A prática escancara um problema estrutural: os tribunais que deveriam fiscalizar o poder acabam se tornando refúgios de apadrinhados, minando a credibilidade e a independência das instituições.
Especialistas apontam que a Constituição garante aos estados a prerrogativa de escolher os conselheiros, mas criticam a falta de critérios técnicos e a captura política de órgãos que deveriam ser guardiões da legalidade e dos cofres públicos.