O senador Otto Alencar confirmou aquilo que já circulava nos bastidores há meses: o PSD decidiu, por unanimidade, indicar o deputado federal Otto Alencar Filho para ocupar a vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA), deixada pelo conselheiro Antônio Honorato, aposentado desde julho.
A articulação, revelada ainda no início do ano, ganhou corpo nas últimas semanas e agora assume caráter oficial – mas depende de um último movimento político: a caneta do governador Jerônimo Rodrigues.
Indicação fechada dentro do PSD
Segundo Otto, a escolha foi aprovada pelas bancadas federal e estadual, passando também pelo aval da presidente estadual da sigla, Ivana Bastos. O nome inicialmente cogitado para a vaga, o deputado Sérgio Brito, abriu mão, abrindo caminho para que a escolha recaísse sobre Otto Filho, o deputado mais votado da Bahia em 2022.
O senador evitou transformar a nomeação em um ato personalista e insistiu que a definição foi coletiva. Essa versão é reforçada pelo próprio Otto Filho, que destacou não ter ouvido qualquer oposição formal dentro da sigla — nem mesmo do senador Ângelo Coronel, cuja relação política interna é vista como um termômetro de disputas futuras.
A dependência do governador
Apesar do consenso dentro do PSD, a decisão final não é do partido — é do governador Jerônimo Rodrigues. Cabe a ele autorizar ou não a nomeação. E esse detalhe transforma o caso em mais uma peça do tabuleiro que já se move mirando 2026.
A indicação do filho de Otto, um dos principais líderes da base, ocorre justamente no momento em que Jerônimo estrutura sua estratégia para a reeleição. Ou seja: não é apenas uma nomeação técnica para o TCE. É uma jogada política de alto impacto, capaz de fortalecer alianças ou gerar atritos silenciosos.
Tabuleiro de 2026 já está em jogo
Fontes apontam que a confirmação dessa indicação foi alinhada ao debate sobre a formação da chapa majoritária do governador daqui a dois anos. Com o PSD reforçando sua presença em um dos órgãos de controle mais relevantes do Estado, o partido amplia seu peso político em um momento decisivo.
Ao mesmo tempo, a oposição deve explorar a nomeação como mais um capítulo do já conhecido debate sobre nepotismo, influência e apadrinhamento em cargos estratégicos. E a base aliada acompanha de perto, observando se o governador atenderá ao pedido do senador mais influente de seu arco político.
O que esperar agora
Com a indicação formalizada pelo partido, o processo entra em sua fase final: a decisão de Jerônimo. É ele quem, no fim das contas, determinará se Otto Filho ocupará uma das cadeiras mais importantes do TCE.
O movimento pode selar a unidade da base governista — ou expor as rachaduras que muita gente insiste em dizer que não existem.





