Enquanto o povo enfrenta lama, buracos e acidentes nas rodovias do sertão baiano, o governo insiste em inaugurar discursos. Na Bahia de Jerônimo Rodrigues, prometer obra virou política pública — e a prática virou rotina: discursos bonitos, cerimônias fotogênicas e nada de asfalto.
A BA-393, por exemplo, que ligaria Heliópolis a Fátima, foi anunciada em 2022 com pompa. Em 2024, reaparece como figurinha repetida em nova embalagem: licitação aberta, mas nenhuma máquina no trecho. A população? Segue desviando de crateras e da esperança.
Outros trechos seguem o mesmo roteiro. A BA-084 entre Coronel João Sá e Sítio do Quinto foi prometida por Rui Costa em 2021, depois reanunciada por Jerônimo com direito a ordem de serviço para 2025. Já se passaram anos, e o asfalto nunca chegou. O mesmo vale para a ligação entre Antas e o povoado de Caxias, em Cícero Dantas (BA-392). Nem projeto, nem execução. Só repeteco de palanque.
A BA-220, entre Paripiranga e Cícero Dantas, é outro símbolo da inércia. Foi prometida, publicada, divulgada e… esquecida. No último fim de semana, tragicamente, o trecho voltou às manchetes — não por uma entrega de obra, mas por causa de acidentes.
É sempre o mesmo enredo: o governador desembarca de helicóptero, posa de chapéu de couro, aperta mãos, acena e promete. Mas quando as câmeras se apagam, o povo continua pisando na lama.
A esperança do sertanejo, que deveria ser combustível para transformação, está sendo usada como maquiagem para encobrir a falta de ação. E isso tem um nome: crueldade política.
Já são 20 anos de promessas petistas que não viraram realidade. De Rui Costa a Jerônimo, o que se vê é a repetição de um modelo que governa com palavras e se esquece do concreto.
Porque no fim, não é a promessa que salva.
É o asfalto que evita o acidente.
É o cumprimento da palavra que honra o voto.
E como o povo do sertão já sabe:
Promessa não tapa buraco. Promessa não salva vida. E estrada abandonada mata.