O deputado estadual Cafu Barreto (PSD) elevou o tom contra o núcleo duro do governo baiano. Em declarações recentes, o parlamentar criticou abertamente o ministro Rui Costa e o senador Jaques Wagner, acusando o PT de tentar monopolizar as três vagas da chapa majoritária para 2026 — gesto que classificou como “audacioso” e “inaceitável”.
“É muita audácia do PT querer as três vagas da chapa. Isso nunca aconteceu na Bahia. Não podemos aceitar esse tipo de imposição”, disparou Cafu à imprensa.
As falas refletem uma insatisfação latente dentro do PSD, que vem sendo progressivamente escanteado pelo Palácio de Ondina, apesar de ter sido peça-chave nas vitórias eleitorais do grupo governista. Segundo Cafu, faltam obras, investimentos e representatividade para o seu grupo político, especialmente no interior.
A tensão entre os aliados sinaliza uma crise de acomodação interna na base do governo Jerônimo Rodrigues. O PSD — que ainda acena com apoio à reeleição do senador Angelo Coronel — se vê pressionado a repensar sua posição caso o PT mantenha sua resistência em ceder espaços.
Nos bastidores, o possível rompimento com o governo e a migração para a oposição liderada por ACM Neto (União Brasil) é cogitado por lideranças regionais do partido. Mas o movimento não é simples: a oposição também enfrenta dificuldades com a perda de prefeitos e fragilidade nos diretórios municipais.
Cafu, por sua vez, enfrenta um cenário delicado em sua base eleitoral, no município de Ibititá. Nas últimas eleições municipais, seu grupo obteve apenas 20% dos votos, sinalizando um possível desgaste político e enfraquecimento da liderança local. Soma-se a isso a perda de apoio de prefeitos e vereadores, o que compromete ainda mais sua estrutura rumo a 2026.
O deputado se vê diante de uma encruzilhada: permanecer isolado dentro de uma base que não o prestigia, ou apostar numa aliança com uma oposição fragilizada. Seu futuro político depende de articulação, reconstrução de base e reposicionamento estratégico.