O ex-ministro e ex-candidato à presidência Ciro Gomes está a poucos passos de assinar a ficha de filiação ao PSDB. Após anos de embates públicos com o partido, o pedetista articula discretamente sua chegada ao ninho tucano em um momento de reconfiguração das forças do centro político no Brasil.
Segundo apuração da revista CartaCapital, líderes do PSDB já tratam a adesão como “praticamente certa”. As conversas avançaram nas últimas semanas com o aval de figuras centrais da sigla, como o presidente nacional Marconi Perillo, o governador Eduardo Leite e o senador Tasso Jereissati, aliado histórico de Ciro.
A movimentação representa mais do que uma simples troca de partido. Trata-se de um esforço para reoxigenar o campo da centro-direita, duramente enfraquecido após a eleição de 2022 e a implosão do projeto de “terceira via”. Sem espaço no PDT, esvaziado e fragmentado, Ciro tenta encontrar sobrevida política em uma legenda com estrutura nacional, fundo partidário robusto e ambição eleitoral para 2026.
A entrada de Ciro, porém, não será automática. Ainda há arestas a aparar: desde o alinhamento programático até a acomodação de aliados regionais do ex-governador. Apesar disso, o clima entre os interlocutores é de otimismo. A expectativa interna é de que a filiação seja anunciada ainda este ano.
O PSDB, por sua vez, vê em Ciro um nome com apelo nacional e peso político para disputar espaço com o bolsonarismo e o lulismo. O projeto tucano mira alianças com MDB, União Brasil e PSD, de olho na construção de uma frente liberal de oposição ao governo federal.
Se confirmado, o movimento marcará o retorno de Ciro Gomes ao universo tucano — do qual se afastou nos anos 2000 com duras críticas à hegemonia neoliberal da sigla. Agora, ironicamente, é no ninho que ele busca abrigo para sobreviver ao isolamento político.