Era cedo da manhã quando a rotina de Salvador foi cortada por estampidos de tiros na Federação. Não era cena de filme, era a vida real. E o alvo, dessa vez, foi o comboio da escolta do prefeito Bruno Reis. Uma motocicleta sem placa, dois homens armados, disparos contra agentes da Transalvador — profissionais que deveriam estar apenas garantindo o fluxo do trânsito.
Um dos suspeitos tombou no confronto. O outro fugiu. Armas e munições apreendidas, perícia acionada, nota oficial divulgada. Mais um caso para engrossar as estatísticas que todos já conhecemos, mas que parecem nunca encontrar fim.
Mas o que chama atenção não é apenas o ataque em si. É o contexto. A ousadia de criminosos em desafiar abertamente a ordem, em plena capital, diante do comboio de um prefeito. Se bandidos não têm medo de atirar diante das autoridades, o que sobra para o cidadão comum, que pega ônibus, volta do trabalho à noite ou caminha pela rua com os filhos?
A Bahia já lidera índices de violência que envergonham qualquer governante que se diga comprometido com segurança pública. Salvador, por vezes, vira palco de matanças que poderiam estar nos livros de ficção, mas que são manchetes de jornal. A cada semana, um novo capítulo da crônica policial revela o que já sabemos: a sensação de que a vida perdeu valor e de que o crime encontrou terreno fértil para se fortalecer.
Até onde vamos? Até onde a violência pode ir sem que uma resposta firme e estrutural seja dada? Porque não é só polícia na rua. É educação, é oportunidade, é urbanização, é política séria. Só que o governo prefere discursos, promessas recicladas, medidas paliativas — enquanto a população segue à mercê de uma guerra não declarada.
A Bahia precisa acordar. Não podemos normalizar a barbárie. Quando tiros ecoam contra a escolta de um prefeito, é o retrato de um estado refém da violência. E o recado é claro: se nada mudar, quem será o próximo?
✍️ Soberano da Bahia