O presidente do PL na Bahia, João Roma, tenta passar a imagem de tranquilidade ao confirmar a pré-candidatura de Flávio Matos a deputado federal. Para ele, a decisão é “natural” e não deve gerar dificuldades na relação com o União Brasil. Mas, nos bastidores, a leitura é outra: o movimento pode rachar alianças e redesenhar forças em Camaçari, um dos principais colégios eleitorais do estado.
Flávio Matos, ex-vereador e ex-candidato a prefeito de Camaçari — que em 2024 disputou com apoio de ACM Neto e Bruno Reis, mas perdeu no segundo turno para Luiz Caetano (PT) — trocou o União pelo PL em julho. A mudança, porém, deixou marcas.
O ex-prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil), padrinho político de Flávio, não escondeu o incômodo. Em entrevista, disparou: “Tenho dito que há três Flávios: o vereador, o candidato e o pós-eleição. O pós-eleição vem se perdendo, ouvindo ‘palpiteiros’.” O recado é claro: a candidatura de Matos é vista como quebra de acordos.
Isso porque havia um entendimento local: dividir os votos entre os deputados Paulo Azi, que busca a reeleição, e Manuel Rocha, que pretende migrar da Assembleia Legislativa para a Câmara. O arranjo previa 60% dos votos para Azi e 40% para Rocha. Agora, com Flávio na disputa, esse equilíbrio está em risco.
Roma aposta no desgaste do PT em Camaçari e na capacidade de Flávio atrair votos para o PL. Mas o preço pode ser alto: abrir fissuras dentro da própria oposição, enfraquecendo o União Brasil em um momento em que a coesão seria vital para enfrentar a máquina governista em 2026.
No tabuleiro político baiano, a jogada de Roma é ousada: reforça o PL como alternativa, mas expõe a fragilidade das costuras de bastidores. O risco é claro — ao invés de fortalecer o campo oposicionista, a candidatura de Flávio Matos pode fragmentar apoios e entregar vantagem ao adversário.
