O que era para ser símbolo de combate à miséria virou alvo de uma dura crítica institucional. Um relatório técnico elaborado por seis auditores do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) revelou graves deficiências na execução do Bahia Sem Fome, programa anunciado com pompa pela gestão de Jerônimo Rodrigues (PT) como principal bandeira social do governo.
Os dados apurados são contundentes:
🔹 90 municípios baianos (mais de 20% do total) não receberam nenhuma ação do programa em 2024.
🔹 Outros 289 municípios tiveram acesso a apenas uma ou duas iniciativas, muitas delas simbólicas.
🔹 Equipamentos públicos, como cozinhas comunitárias, seguem abandonados em depósitos em Camaçari, sem previsão de uso.
🔹 A Seades, responsável pela política, não conseguiu comprovar a entrega de unidades como Casas de Farinha e Mini-Fábricas de Vassoura, que constavam nos anúncios oficiais.
🔹 Faltou um Plano Estadual de Segurança Alimentar vigente em 2024, o que impede a definição de metas, critérios técnicos e indicadores de resultado.
“A execução orçamentária e física do programa não reflete a magnitude da proposta anunciada”, aponta o relatório técnico do TCE, em tom diplomático — mas devastador.
⚠️ Palco político, palco vazio
O programa Bahia Sem Fome foi apresentado como resposta ousada à insegurança alimentar, com promessas de interiorização, estrutura e impacto social duradouro. Mas, segundo os próprios auditores, o que se viu em 2024 foi um projeto mal planejado, sem capilaridade real e desconectado da realidade de milhares de famílias que ainda convivem com a fome na Bahia.
Enquanto o governo sustenta o discurso de combate à pobreza, a prática revela improviso, baixa execução e ausência de fiscalização. O resultado: promessas que não saem do papel e estruturas físicas que seguem sem uso — enquanto o povo espera comida no prato.
🔍 E agora?
O julgamento das contas do governo de 2024 será realizado em julho. O parecer do TCE deve ser favorável, mas com ressalvas severas em relação à execução do programa. Caberá ao governador explicar a desconexão entre o marketing institucional e os resultados práticos — e responder à crescente desconfiança de que o Bahia Sem Fome foi mais uma peça de propaganda do que uma política de Estado.
O relatório também reacende críticas da oposição, que acusa a gestão petista de transformar o combate à fome em palanque eleitoral, sem estrutura técnica nem alcance social verdadeiro.