O clima dentro do União Brasil voltou a esquentar. A executiva nacional da sigla convocou uma reunião decisiva para esta quarta-feira (8), em Brasília, com o objetivo de deliberar sobre a expulsão do ministro do Turismo, Celso Sabino, e a intervenção no diretório estadual do Pará, presidido por ele.
O movimento é visto como uma resposta à permanência de Sabino no governo Lula, contrariando a orientação da cúpula partidária, que havia exigido o afastamento de todos os filiados que ocupam cargos na Esplanada. A decisão deve ser conduzida pelo presidente nacional do União, Antônio Rueda, com relatoria do deputado Fábio Schiochet (SC).
Sabino, que chegou a anunciar uma “saída negociada” em setembro, acabou permanecendo no cargo e aprofundou o impasse. O processo disciplinar aberto contra ele o acusa de infidelidade partidária e desrespeito às deliberações internas.
Nos bastidores, entretanto, cresce um grupo de parlamentares que tenta adiar a punição. A proposta é conceder a Sabino uma espécie de “trégua” de até dois meses, permitindo que ele conduza ações estratégicas relacionadas à COP-30, evento que será realizado em Belém (PA), reduto político do ministro. A estratégia seria uma forma de evitar rupturas e permitir que o ministro capitalize politicamente o evento, já de olho em 2026, quando deve disputar uma vaga no Senado.
Enquanto isso, o diretório estadual do partido no Pará pode ser dissolvido — medida que enfraqueceria o ministro e reduziria seu poder regional. A decisão final ainda depende do voto da executiva.
A pressão pela expulsão também tem motivações políticas mais amplas. Lideranças como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defendem a saída de Sabino como um gesto de coerência. “Quem está no governo do PT não pode falar em oposição”, teria dito Caiado a aliados.
A crise escancara a disputa interna entre os que querem manter influência no governo federal e os que defendem uma postura de oposição clara e sem ambiguidades. Entre acordos, adiamentos e recuos, o União Brasil tenta preservar sua unidade — mas corre o risco de transformar a fidelidade partidária em mais uma moeda de troca.





