Venda do Othon entra na mira da Câmara: CEI pode investigar negócio milionário em Salvador

A novela da venda do antigo Bahia Othon Palace Hotel, em Ondina, acaba de ganhar um novo capítulo — e com direito a lupa da Câmara Municipal de Salvador. O presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), afirmou nesta terça-feira (9) que dará andamento ao pedido de criação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI), caso o requerimento seja oficialmente protocolado.

A iniciativa partiu do vereador Sidninho (PP), que já reuniu 19 assinaturas — cinco a mais do que o mínimo necessário — para abrir a apuração sobre possíveis irregularidades na negociação do imóvel, que foi arrematado pela construtora Moura Dubeux por cerca de R$ 110 milhões.

O projeto da incorporadora prevê um empreendimento de luxo batizado de “Mansão Othon”, com 32 apartamentos de 572 m² e vista privilegiada para o mar. Mas segundo Sidninho, o negócio não bate com a escritura original, que determinava o uso do terreno exclusivamente para hotelaria de alto padrão internacional.

💬 “A escritura é clara. E o que estão fazendo ali hoje não tem nada a ver com o que foi aprovado lá atrás”, afirmou o vereador. A suspeita é de que houve uma flexibilização fora dos trilhos na mudança de uso do solo — algo que pode ter beneficiado o novo proprietário sem a devida transparência.

Muniz, por sua vez, afirmou que, se o requerimento chegar formalizado, o processo seguirá o trâmite institucional.

📍A CEI, se instaurada, terá poder para convocar responsáveis, requisitar documentos e investigar o processo de compra e requalificação do espaço, que já começou a ser divulgado como o novo “cartão postal residencial” de Salvador.

🔎 No centro da discussão está a eterna tensão entre os interesses do mercado imobiliário de alto padrão e a função social dos espaços urbanos, especialmente quando envolvem terrenos nobres com histórico público.