Em entrevista concedida à Band Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) abordou as críticas recorrentes sobre o sucateado sistema do Ferry Boat que liga Salvador à Ilha de Itaparica. Ao invés de assumir as falhas na gestão do modal, marcado por atrasos, superlotação, equipamentos quebrados e falta de manutenção; o chefe do Executivo baiano resolveu jogar parte da culpa no colo da população.
Segundo Jerônimo, “a empresa não tem a culpa que às vezes é colocada nela”. Para ele, embora a concessionária deva garantir a limpeza de banheiros, por exemplo, o comportamento dos passageiros também seria responsável pelas más condições do serviço. “Tem que haver uma combinação: o serviço prestado precisa ser bom, mas as pessoas precisam ter a responsabilidade do bom uso”, afirmou.
A declaração, no mínimo controversa, acontece em meio a uma enxurrada de denúncias de passageiros que convivem diariamente com banheiros insalubres, longas filas, balsas avariadas e um sistema que beira o colapso. Mesmo diante da situação crítica, o governador preferiu amenizar a atuação da empresa operadora do sistema e relativizar a responsabilidade do Estado.
Jerônimo também sinalizou que o governo está em negociação para adquirir pelo menos mais duas embarcações. Ainda assim, garantiu que o ferry seguirá operando mesmo após a prometida, e cada vez mais distante, construção da ponte Salvador-Itaparica.
Em meio ao descaso histórico e à lentidão das soluções, a população segue à mercê da maré, enquanto o governo continua remando contra o bom senso.