A situação da BA-275, no extremo-sul baiano, virou símbolo do descaso com a infraestrutura pública. Desde a interdição da ponte sobre o Rio Jequitinhonha no início de maio, a rodovia tem sido rota alternativa para cargas e passageiros — e um retrato do improviso. Com o agravamento das chuvas, carretas precisam ser puxadas por retroescavadeiras para vencer trechos íngremes tomados pela lama.
Na última sexta-feira (30), passageiros da empresa Rota relataram até 9 horas de espera para atravessar o trecho. Uma viagem de ônibus entre Itabuna e Eunápolis, que durava cerca de 5 horas, está levando mais de 15 horas. A logística está em colapso e os prejuízos já são sentidos em toda a cadeia econômica regional.
Enquanto o DNIT afirma que uma nova ponte deve ser construída em até um ano — sem, no entanto, indicar quando as obras começam —, o governo federal bloqueou R$ 1,487 bilhão do orçamento do Ministério dos Transportes em meio ao ajuste fiscal. A medida, segundo especialistas, pode afetar diretamente a execução da obra.
O Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis da Bahia (SINDICOM-BA) alerta para o risco de desabastecimento, acidentes e prejuízos milionários ao setor logístico. Motoristas estão em risco, famílias estão isoladas e municípios inteiros enfrentam o impacto da omissão do Estado.
A pergunta que ecoa entre os moradores do extremo-sul: até quando a Bahia será esquecida no mapa das prioridades?
