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“Talvez o Brasil precise de um shutdown”, diz presidente da Câmara
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“Talvez o Brasil precise de um shutdown”, diz presidente da Câmara

O debate sobre o futuro das contas públicas brasileiras ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (9), com declarações contundentes do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em evento promovido por veículos do Grupo Globo, o parlamentar afirmou que, diante da inércia estrutural do sistema político, talvez o país precise mesmo de um “shutdown” — paralisação forçada de serviços públicos — para sair da zona de conforto.

“Talvez seja o que o Brasil esteja precisando para todo mundo sair da sua zona de conforto. Está todo mundo olhando a situação e ninguém quer abrir mão de nada”, disparou.

A fala ocorreu após reunião realizada no domingo (8), em que lideranças do Congresso se encontraram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir alternativas à suspensão do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Na mesa: compensações fiscais que incluem a taxação de apostas esportivas, mudanças na tributação de instituições financeiras e o fim da isenção de Imposto de Renda sobre títulos como LCIs, LCAs e o Fiagro — medidas que já geram forte resistência entre setores econômicos influentes, como o agronegócio e o mercado financeiro.

Motta demonstrou desconforto com a forma como o governo apresentou as propostas, sem diálogo prévio com as bancadas.

“Não dá para querer que toda vez o Congresso seja o policial mal e o governo o bonzinho. A situação do país é grave e todo mundo precisa ter a sua responsabilidade”, alertou.

Entre os pontos de maior tensão, está a possível taxação do Fiagro, instrumento vital para o financiamento do agronegócio — setor que concentra 303 deputados e 50 senadores em sua base de apoio. A medida, segundo o presidente da Câmara, deverá enfrentar forte resistência.

Outro ponto abordado foi a necessidade de revisão das isenções fiscais. O Ministério da Fazenda estima que os benefícios tributários consumam até R$ 800 bilhões do orçamento federal. O governo propôs uma redução de 10% nesses incentivos, mas sem detalhar como será feito. Motta defende que qualquer mudança seja planejada e escalonada.

“Não dá para mudar a regra do jogo com o jogo em curso. As empresas precisam de previsibilidade”, ressaltou.

O parlamentar também cobrou a abertura de um debate mais profundo sobre vinculações constitucionais e a necessidade de reformas estruturais que evitem a repetição de crises fiscais.

“Ali vi a oportunidade de trazer o governo para o debate de pautas mais estruturantes: rever isenções, discutir saúde, educação, e crescimento do primário em diversas áreas.”

A possibilidade de paralisação parcial do governo — o “shutdown” — foi mencionada inicialmente por um membro da equipe econômica, como possível consequência da rejeição à compensação do IOF. Motta endossou a ideia, sugerindo que apenas um choque de realidade poderá forçar o país a enfrentar seus dilemas orçamentários com seriedade.

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